QUARTA-FEIRA 11/09 – 10h30
Cine Metrópolis – UFES
APRESENTAÇÕES DE PESQUISA | PAINEL 02
Imagens executáveis, performáticas, operacionais e em tempo real
Patricia Moran (USP)
Descolada de sentidos, tratada como mapa, paisagem ou em sua dimensão branca, a imagem vem sendo confundida com gráficos. Diante disso, propomos pensar as imagens, ou melhor, as relações entre os ritmos dos gráficos e das formas desenvolvidas por artistas brasileiros como Daniela Hanns, Fernando Velasquez, Henrique Roscoe e Jarbas Jácome, bem como os gestos subjacentes a seus projetos, como o endereçamento social, político e poéticos dos trabalhos. Partimos do princípio de que esses trabalhos dialogam de forma mais ou menos direta com nossa sociedade administrada por algoritmos, seja de forma crítica ou nem tanto. Apropriados como gráficos, os dados se prestam à representação de si. Analisamos estratégias de performance das imagens de alguns trabalhos; o jogo entre sentidos e ritmos a partir das formas visuais, dos gráficos em movimento e remissão; e a linguagem a partir de sinopses e títulos. A semiótica aponta para a incompletude do signo e, sendo sua apreensão parcial, recorremos a Foucault, que pensa sobre a carência de relação entre as palavras e as coisas. O sentido percebido em sua instabilidade, como crise em potencial, se estabelece de forma provisória em projetos artísticos cujo objetivo é manter o sentido em movimento. Procuramos delinear estratégias calcadas no ritmo da forma para assim encenar situações e sugerir sentidos, elevando potenciais e medidas passíveis de quantificar movimentos de volumes, como cheio, vazio, uniforme, irregular a qualidades conotativas. O algoritmo representado e a representação apresentam-se como performance de massas sem referente. A prosa do mundo ganha outra configuração. Ainda se escuta ou é silêncio?
Jackson Marinho (UNB)
O artigo descreve o processo de composição da performance audiovisual Balaiada. Inspirada na revolta popular ocorrida no Maranhão entre os anos de 1838 e 1841, a performance resgata a memória do conflito, a partir da composição de amostras de áudio e vídeo. Deste modo, o texto apresenta considerações sobre a apropriação de filmes e músicas para ambientes de software de desempenho em tempo real, bem como descreve as técnicas e procedimentos para a performance ao vivo. Relata-se, ainda, a construção do artefato Kalimba_MIDI, instrumento de controle para improvisação audiovisual, que sincroniza os elementos de som e imagem exibidos durante a performance.
Vladimir Barros (CESAR)
Carnavalia é um mundo encantado onde vivem os seres lúdicos do maior e mais importante evento popular do Brasil: o carnaval. O jogo traz elementos da cultura carnavalesca pernambucana com personagens de vida e alma própria, servindo de base para o Carnaval do Sistema Jornal do Commercio (SJCC). Tendo como origem de produção a análise do usuário, a empatia visual, a dinâmica do motion design e o feedback, foi criado um sistema gamificado para atender publicitariamente à empresa e, ao mesmo tempo, passar informações culturais que pudessem chegar com facilidade ao público que consumia os conteúdos das redes sociais do SJCC. Através de analogias com outros personagens do mundo pop, foram criadas conexões com o projeto que o deixaram mais engajado tecnologicamente. Nesta apresentação, falaremos de algumas estratégicas adotadas nesse projeto.
Maurício Chades (UNB)
Entre junho e agosto de 2019, o projeto Pirâmide, Urubu apresentou uma série de trabalhos de arte em dois momentos diferentes. No primeiro, o público foi convidado a fazer passeios noturnos pelo Córrego do Urubu, região periurbana de Brasília, encontrando videoinstalações colocadas na paisagem do cerrado. No segundo, uma exposição ocupou por quatro semanas as cúpulas da Torre de TV Digital, com galerias de arte no formato de geodésicas cujas paredes de vidro permitem avistar seu exterior, o cerrado em volta do prédio e o centro urbano mais adiante. A possibilidade de dar novas formas ao vídeo e ao cinema em videoinstalações, performances e projeções em superfícies inusitadas nos permite refletir sobre o espaço enquanto criação topográfica. Se tomarmos como exemplo o tradicional modelo de topologia, por meio do qual se considera que o espaço é amorfo – sendo os objetos ali colocados, em uma malha de construção de eixos X e Y que constituem a sua forma – então, podemos entender que são as árvores, os prédios, os postes, os rios, as pedras, os animais, as telas de LED e os outdoors que evocam e constituem a paisagem. Proponho, assim, uma apresentação oral que reflita sobre a experiência de apresentar ao público videoinstalações em contextos e versões diferentes. Que regimes de atenção operam quando nos deparamos com os vídeos na galeria? Que informações e sensações são trazidas para as obras expostas em meio à poeira, à escuridão, à cachoeira,? De que maneira a exposição Pirâmide, Urubu na Torre de TV Digital propõe uma recriação topológica do Córrego do Urubu?