2020 – Ruído branco e intermidialidade no cinema contemporâneo

palestra com André Parente (UFRJ)
Quinta-feira, 03 de Setembro, 16h

>>> ASSISTA NO YOUTUBE

Como podemos explicar a incorporação da tecnologia em nossas vidas quando as tecnologias de comunicação fazem circular o “ruído” (branco?), o “furor” (coletivo?) do mundo, infletindo nosso inconsciente, bem como nossa consciência, individual e coletiva? Analisaremos alguns trabalhos cinema e instalação nas quais uma certa forma de pertencimento a uma certa mídia são produzidas por uma forma estranha de intermidialidade –uma assembléia de corporeidades e tecnologias, uma articulação/fusão de percebedor e percebido, imagem, som e dispositivo – que se dá pela interpolação anacrônica de mídias antigas e novas, ou pela assombração de uma mídia por outra. O “entrelaçamento” de mídia e da imagem aplica-se igualmente aos dois eixos entrelaçados que normalmente enquadram as definições de um meio: pode servir para descrever as trocas que ocorrem como um cruzamento e criação de diversas mídias ou para evocar as reconfigurações da tecnologia e do dispositivo que condicionam a produção, a exibição e a recepção de conteúdo antigo e novo. Os trabalhos analisados exploram as maneiras pelas quais as imagens criadas por um meio específico testemunham sua proximidade com outro meio, revelando os processos e padrões pelos quais a matéria audiovisual é atualizada pela materialidade da mídia ela mesmo. A forma como a matéria perceptível se torna acessível aos nossos sentidos e nossa compreensão se tornou uma questão fundamental em nossas existências permeadas tecnologicamente: as imagens parecem onipresentes, mas o que nos é dado a ver ao final, entre as imagens atualizadas e as que permanecem virtual?

André Parente é artista e pesquisador de cinema e novas mídias. Em 1987 obtém o doutorado na Universidade de Paris 8 sob a orientação do filósofo Gilles Deleuze. É professor titular da Universidade Federal do Rio de janeiro, onde funda, em 1991, o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem). Desde 1978, seus trabalhos foram apresentados em mais de uma centena de exposições, mostras, festivais, encontros, no Brasil e no exterior. É autor de vários livros: Imagem-maquina. A era das tecnologias do virtual (1993), Sobre o cinema do simulacro (1998), O virtual e o hipertextual (1999), Narrativa e modernidade, os cinema não-narrativos do pós-guerra (2000), Tramas da rede (2004), Cinema et narrativitée (L’Harmattan, 2005), Preparações e tarefas (2007), Cinema em trânsito (2012), Cinemáticos, tendências do cinema de artista no Brasil. (2013), Cinema/Deleuze, (2013), Passagens entre fotografia e cinema na arte brasileira (2015), entre outros. Nos últimos anos obteve os seguintes prêmios: Transmídia do Itau Cultural 2002, Petrobrás de Novas Mídias 2004, Sergio Motta de Arte e Tecnologia 2005, Petrobrás de Memoria das artes 2005, Oi Cultural 2010, Caixa Cultural Brasilia 2011, Funarte de Artes Visuais 2014, Marc Ferrez de Fotografia 2015.