Conferência com Sean Cubitt (Goldsmiths, University of London)
Vitória: 25/08, 11h, Cine Metrópolis, UFES
A virada materialista dos estudos de mídia que foi encabeçada por abordagens ecocríticas ainda esbarra na problemática atribuição de “imaterialidade” para o trabalho no capitalismo cognitivo. Certamente a produção de valor em alto nível ocorre na manipulação de símbolos, sejam marcas ou código, mas o trabalho de manufatura em baixo nível continua envolvido em processos eminentemente materiais. Um lugar onde ele acontece são nas fábricas offshore em que peças de computador são construídas e as máquinas são montadas. Essa palestra aborda a nova divisão internacional de trabalho, conforme ela migra o velho proletariado industrial para os países do sul global, enquanto no norte uma nova classe média de trabalhadores cognitivos se divide de um novo proletariado cuja tarefa econômica no livre mercado é consumir o excesso de superprodução e arcar em privado com os ônus da dívida pública. Proletários do Norte e do Sul foram ensinados a invejar o trabalho produtivo ou “consumativo” uns dos outros. Apenas compreendendo sua integração em um sistema global único é possível nos movermos do mero ultraje moral em direção a organização política. Essa palestra delineia a integração e divórcio sistêmico dos ciclos de produtividade e consumo, traçando fluxos materiais entre símbolos cognitivos, objetos físicos, e o papel biopoliticamente gerenciado do (antigamente disciplinado) proletariado consumidor. Prestando uma atenção detalhada nesses ciclos, podemos notar funções-chave que são empreendidas por agências não-humanas, das quais o mercado é a maior, embora certamente não a única. Por fim, buscaremos distinguir o desumano do não-humano, na intenção de desenvolver uma política de mídia pós-humana emancipatória.
Sean Cubitt é professor titular de Filme e Televisão em Goldsmiths, Universidade de Londres; Professorial Fellow da Universidade de Melbourne e professor honorário da Universidade de Dundee. Suas publicações incluem Timeshift: On Video Culture, Videography: Video Media as Art and Culture, Digital Aesthetics, Simulation and Social Theory, The Cinema Effect e EcoMedia. Seu próximo livro, The Practice of Light, será publicado em 2014. Ele recentemente co-editou Rewind: British Video Art of the 1970s and 80s, Relive: Media Art History, Ecocinema e Digital Light. É um dos editores da série Leonardo Books da MIT Press. Sua pesquisa corrente é sobre colonialismo e eco-crítica.
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