2019 – Sessão de Projeção: Planos de Representação

Planos de Representação

Terça-feira | 10/09 – 20h | Cine Metrópolis – UFES

Primero no existes (eternamente), luego existes (por un momento), y al final dejas de existir (eternamente)
Santiago Vela, México, 09´44”

O momento efêmero, absurdo, sem sentido, caótico, poético, cíclico e estranho em que existimos entre duas eternidades de não-existência. Ao longo da vida, buscamos, sem sucesso, compreendê-lo. A obra é baseada em diversos textos produzidos aleatoriamente pelo autor. A técnica mistura animação 2D tradicional, digital e um falso 3D, resultante de experimentos com a profundidade de campo e as camadas do plano.

Lesbos
Barbara Cani, Brasil, 3’

Escolhas e passagens de uma personagem que se vê presa num mundo tradicionalista. Entre caminhos alternativos e viagens entre universos, é encontrada a verdadeira razão para mudar.

Human
James William, Estados Unidos, 1’

Combinando música e animações 3D, esse ensemble de performers sintéticos exprime a individualidade como um componente essencial do ser humano. Quanto mais buscamos ser e nos movimentar como os outros, menos humanos nos tornamos. O desafio de redefinir nossa programação nos permite vislumbrar os limites cambiantes da humanidade.

Intersectional BioPolitics of Sizzurp
Eli Ayres, Estados Unidos, 2019, 1’40”

Uma jornada pelo maior lugar nenhum.

Manifold
Mickael Le Goff, Alemanha, 2’50”

Manifold trata da multiplicidade de formas que a vida orgânica assume, por sempre mudar e se transformar, adquirindo inclusive formas alienígenas. O videoclipe explora a criação de novos organismos a partir de algoritmos de crescimento computacional. O surgimento dessas estruturas é baseado em conjuntos de regras inspiradas em comportamentos naturais, capazes de expandir uma única malha em uma forma complexa e intricada. A evolução hipnotizante dessas entidades digitais evoca um organismo vivo. Criado no Blender com scripts personalizados em Python. Música de Robot Koch.

Dreams of the Void
Joerg Hurschler, Suiça, 7’30”

Fornax Void é um projeto de arte audiovisual iniciado por David Elsener em 2012. Seu trabalho transporta tecnologias ultrapassadas – como fitas K7 e VHS, TVs de tubo, sintetizadores analógicos e computadores retrô – para um contexto contemporâneo. Esse vídeo é influenciado por técnicas e estéticas da década de 1990, empregando sintetizadores da época e um vídeo criado com o game engine de Doom. Combinados, esses dois elementos promovem uma viagem aos primeiros anos da revolução da arte computacional.

Grand Ape Town
Thomas Hawranke, Alemanha, 13’30”

Grand Ape Town é uma animação em tempo real baseada em pesquisas sobre as relações humano-animal nos videogames. No curta, metade da população do videogame Grand Theft Auto V é trocada pelo modelo 3D de um chimpanzé. Essa modificação transforma a cidade de Los Santos num playground de agências humanas e animalescas. Como um exercício de ação nos mundos digitais, a obra convida a audiência a se engajar na responsa-habilidade proposta pela pensadora Donna Haraway.

Arrival of a Train at Los Santos
Allister Gall, Reino Unido, 3’30”

Este é um filme de found-footage. Ele é feito a partir do Google Street View, de videogames em primeira pessoa e do filme Girl Chewing Gum (1976), de John Smith.

Environment Built for Absence (an unofficial/artificial sequel to J.G. Ballard’s High Rise)
Tivon Rice, Holanda, 17’45”

Iniciada em 2018, a demolição do Escritório Central de Estatística da Holanda criou uma espécie de cinema dilatado para os passageiros que viajavam de trem entre Haia e Amsterdam. No ano seguinte, conforme o prédio era metodicamente desconstruído de cima para baixo, visitei o local mensalmente, a fim de documentar a sua gradual destruição. Utilizando um drone e um processo de mapeamento digital, intitulado fotogrametria, criei um acervo de modelos virtuais 3D. A arquitetura do edifício e seu inevitável colapso aludiam ao romance High Rise, do inglês J. G. Ballard. Por isso, procurei associar as cenas à narração gerada por um sistema de machine learning treinado a partir das obras completas do autor. Essa rede neural recorrente gera textos que descrevem materiais, corpos invisíveis e possíveis narrativas que residam nos destroços do edifício.

Symphonic Textures
Oliver Poppert, Austrália, 3’25”

A obra explora as sensações, aparências e consistências do meio urbano, recorrendo às coisas vistas, às não vistas e à harmonia entre ambas. Desconstruindo a composição da imagem em linhas e colunas, criamos um plano imaginário em que partículas vibram como cordas.

Mesophase
Espen Tversland, Noruega, 04’30”

Esta pintura expandida explora a relação entre o ser humano e a natureza. Em Mesophase, texturas e cores de outro mundo, ainda que estranhamente familiares, envolvem o espectador em uma experiência sensorial completa. Os espaços interior e exterior se fundem na infinita membrana de múltiplas camadas de uma entidade orgânica flamejante. Música de Andreas Nelson.

bearing
Greg Marshall, Canadá, 2018, 02’40”

bearing justapõe fotoesferas em 360° do Iémen, feitas pela Google, com dados provenientes de mais de 327 ataques de drone norte-americanos ao país entre 2002 e 2018. A latitude e a longitude de cada ataque são remapeadas no plano empregado para criar a imagem esférica. Dessa forma, a câmera recria as coordenadas e a hora de cada ataque, possibilitando a visualização de todo período de 17 anos em uma animação de dois minutos e meio. Uma esfera espelhada central, fixada em relação à câmera, indica com seu tamanho a gravidade de cada bombardeio. As imagens são de 2016 a 2018 e mostram regiões populares do país, em que não são visíveis os efeitos da guerra civil e dos ataques de drone.

Go Move Be
PolakVanBekkun, Holanda, 9’50”

Uma cidade em obras, com prédios reduzidos aos seus frágeis esqueletos de alumínio flexibilizados, árvores de papel dobrado e carros feitos de barro. Go Move Be cria uma interseção entre uma simulação digital e uma realidade de cartolina. As câmeras, neste mundo, imitam os movimentos mecânicos da CCTV, os movimentos flutuantes dos drones e os movimentos descontrolados do olho computadorizado, buscando por um protagonista. Vozes compartilham impressões sobre esses movimentos, sobre as distâncias, as memórias e o futuro. A elocução mútua sugere interesses compartilhados, mas não há evidência de uma interação consciente. As palavras aparecem como uma estrutura quase sólida.

Willingly I-Impart My Things [After Monument]
Jonathan Kelham, Reino Unido, 4’50”

Este filme explora novos desenvolvimentos no mundo fictício do Leaders of Men. Em Willingly I-Impart My Things, os líderes apresentam uma declaração poética sobre sua interpretação idiossincrática da condição inglesa, a partir da estrutura inicial da obra Utopia (1516), de Sir Thomas Moore. Construída nos canais de comunicação mainstream da Ilha Negra, em código morse, e transferida para a realidade em finados filamentos luminosos, essa importante declaração quase que se perde, minada por sua marginalização desastrada, narcísica e autoimposta.

INTERLOOP Meaning Lies Inter/views/Loves
Paul Jacques Yves Guilbert, Bélgica/França, 2018, 12’50

˗ “É uma entrevista virtual com anotações aumentadas,

É totalmente ‘meta’,

ela lida com o sentido,

tropical house,

slow mix,

pop

e tapetes vermelhos.”¹ 

– “O que você quer dizer?”² 

˗ “Essa é uma pergunta que deve permanecer para sempre sem resposta […] provavelmente porque nunca houve qualquer pergunta, essa pergunta deve permanecer para sempre suspensa, para sempre interrogativa, tal como permanece para sempre interrogativo o por quê?”³ 

¹ Le Chimist em Introduction à Hannah, 2018.

² Justin Bieber em Purpose, 2015.

³ Vladimir Jankélévitch em La Musique et l’Ineffable, 1961.