2017 – Sobrevivendo à exposição: curadoria de práticas generativas e duracionais para telas

Conferência com Sarah Cook (Universidade de Dundee)
Vitória: 24/11, 18h, Cine Metrópolis, UFES
São Paulo: 28/11, 16h00, TIDD/PUC

Atualmente, a história da arte-mídia consiste numa mistura de análises técnicas dos trabalhos de arte, de estudos laboratoriais das colaborações entre arte e tecnologia, e da descrição de exposições que incluem obras de arte-mídia. O problema com essas últimas é que elas tendem a omitir tanto a criação das obras quanto a sua sobrevida. Isso acontece especialmente nas situações em que a obra de arte existe apenas pela duração da exposição e de sua interação com o público, para então se dissolver novamente na rede de tecnologias e relações da qual emergiu. Uma curadoria à parte das telas implica prestar atenção em todos esses momentos variáveis na realização da obra. No livro Rethinking Curating: Art After New Media, defendi que a compreensão e documentação do conjunto de comportamentos exibidos pelos trabalhos pode ser mais útil para a sua crítica, historicização e preservação do que a manutenção dos próprios objetos. No seu próximo livro Revisions – Zen for Film, a conservadora de arte Hanna Holling defende que precisamos definir não apenas o quê, e como, mas também quando um trabalho é arte, como quando é exposto e preservado para futuras exposições. Nessa palestra, desenvolverei essa ideia ao considerar o que ela implica para trabalhos generativos que se valem de bancos de dados e códigos. Vou explorar o modo como se deu o comissionamento e a preservação de um trabalho de Thomson & Craighead (Stutterer) que usa televisores, e a sequência do genoma humano, para exibir um banco de dados de clipes, que levará mais de 75 anos para ser completamente reproduzido. Também abordarei um trabalho de Daniel Brown (Flowers) que se encontra na coleção do Museu da Universidade de Dundee, e que tem como proposta durar ad infinitum – o que isso significa para a sua coleção? Buscarei mostrar como é difícil documentar e “capturar” experiências de exposição que se valem de telas, nas quais os processos institucionais de distribuição, marketing e exposição se confrontam com a duração de trabalhos generativos que buscam subsistir para além de nós.