palestra com Erick Felinto (UERJ)
sexta-feira, 02/06, 18h30
Para Sean Cubitt, o movimento constitui o primeiro “efeito especial” do cinema, um elemento que é instrumental para seu engajamento com a ideia de ilusão e uma “estética do espanto” (Cf. Cubitt, 2004, p.15). Em outras palavras, o cinema captura e manipula o tempo; o cinema faz o mundo mover-se em suas imagens. Mas não se trata, de modo algum, unicamente dos movimentos dos seres vivos. Especialmente no âmbito do cinema experimental, poderíamos falar em uma tradição de “animação do inorgânico” (Papapetros, 2012), responsável por criar a ilusão de uma vida dos objetos. Todavia, foi apenas muito recentemente que a teoria do cinema passou a dar atenção a essa vida secreta das coisas. Indicações claras desse interesse podem ser encontradas, por exemplo, no trabalho de Rachel Moore, Savage Theory: Cinema as Modern Magic (2000) ou numa coletânea de artigos como a organizada por Volker Pantenburg, Cinematographic Objects: Things and Operations (2015). O objetivo deste estudo é mapear essa ascensão dos objetos nos domínios do cinema, investigando seu protagonismo precisamente num cenário epistemológico marcado pelo declínio do antropocentrismo e pelo fascínio com a agência das coisas. A hipótese discutida aqui é que o cinema constituiu um dos primeiros campos de experiência da modernidade com o caráter estranho (unheimliche) da vida dos objetos, ao mesmo tempo fonte de ameaça e sedução para o sujeito moderno.
Erick Felinto é doutor em Literatura Comparada pela UERJ/University of California, Los Angeles, e tem pós-doutorado em Estudos de Mídia pela Universität der Künste Berlin. É pesquisador do CNPq e professor associado na UERJ, onde realiza pesquisas sobre cinema e cibercultura. É autor dos livros Avatar: o Futuro do Cinema e a Ecologia das Imagens Digitais (Sulina, com Ivana Bentes) e O Explorador de Abismos: Vilém Flusser e o Pós-Humanismo (Paulus), entre outros.