São Paulo: 22/08, 14h, CTR/ECA, USP
Vitória: 25/08, 14h, Cine Metrópolis, UFES
Investigando Distribuição Cinematográfica Formal e Informal: Piratas e Profissionais
Virginia Crisp (Middlesex University)
Essa apresentação delineia o trabalho (passado e presente) da rede de pesquisas Besides the Screen, antes de abordar como a recente subvenção do Conselho de Pesquisa em Artes e Humanidades (AHRC) britânico poderá ampliar o seu alcance e, particularmente, forjar elos entre o Brasil e o Reino Unido. A rede nasceu da convergência de preocupações acadêmicas sobre práticas e processos que existem à parte das telas e não se enquadram facilmente no campo de estudos de cinema e audiovisual, buscando portanto o diálogo com outras disciplinas. Alguns de seus tópicos de interesse são as instâncias de distribuição, projeção, exibição e arquivamento de filmes, bem como as atividades de legendagem, remix e pirataria. Entrarei então em detalhes sobre a minha própria pesquisa, explicando como ela se encaixa nos objetivos da rede. Tenho interesse nas intersecções entre os processos industriais de distribuição cinematográfica e as práticas informais de pirataria de mídia. Nessa fala, discutirei pesquisas recentes a respeito desses dois contextos, detalhando como essas práticas de disseminação podem entrar em conflito, interagir e complementar umas as outras. Ainda que a literatura existente frequentemente construa a relação entre distribuição formal e “pirataria” como um fenômeno distinto e de oposição, buscarei examinar como esses grupos aparentemente contrários são mais similares do que podemos imaginar.
De Fora da Cineteca Nacional Mexicana: práticas de distribuição pirata de filmes
Stefania Haritou (Universidad de las Americas)
No México como em outros lugares, a pirataria cinematográfica é uma atividade comercial ubíqua e cotidiana. Como parte de uma economia informal bastante dinâmica, filmes piratas são copiados, vendidos e comprados em locais públicos. Buscando problematizar o discurso global sobre a pirataria e seus enquadramentos legais, esse artigo apresenta o fenômeno da distribuição de filmes piratas no México como um efeito de práticas locais situadas. Para tanto, lançarei luz sobre as atividades de Hugo, um vendedor de rua que, com muito cuidado e habilidade, copia, distribui e comercializa filmes piratas logo do lado de fora da Cineteca Nacional na Cidade do México. Levando em consideração o interesse das indústrias midiáticas no controle e regulação de copyright, esse caso poderia ser visto como uma infração da lei de direitos autorais. No entanto, minha análise demonstra que o comércio desse vendedor em particular é operado em relação à práticas provisórias que são complicadas por saberes empíricos; por um conjunto distinto de conexões e expertise sócio-material; e, como buscarei articular, por paixão pessoal. Empregando a atenção crítica e analítica dos Estudos de Ciência e Tecnologia sobre as práticas como geradoras de fenômenos e realidades, essa pesquisa trata a pirataria como uma realização prática, causa de múltiplas relações e materiais diversos.
Espectros do Espetacular
Adnan Hadzi (Goldsmiths, University of London)
Já se sabe que o âmbito social também é construído visualmente, que existe uma disputa pelo “direito de olhar”, e que visões sociais são projetivas, constestadas bem como fractais. O que gostaríamos de vislumbrar é como os fluxos e orquestrações centralizados de eventos visuais estão produzindo estilhaços, frações e espectros visuais alternativos, que também viajam de maneira fragmentária ao redor do globo, tornando visíveis novas paisagens e horizontes ocultos do sentido – isto é, “espectros” do sistema corrente e de seu “modo de projeção”. Enquanto nos interessa a estética geopolítica de uma realidade (a ser) pirateada dos “não-territórios” que resistem ao desígnios do “(interesse) nacional” e à subsumissão à presente sociedade de controle e espetáculo global, também gostaríamos de focar nas maneiras particulares pelas quais às resistências a Copa do Mundo 2014 da FIFA assombrou o imaginário global, alimentando um intelecto social não-alinhado. Além de delinear alguns pontos de entrada conceituais nessa questão, buscaremos construir um repositório trans-local de “espectros do espetacular” com foco nas “imagens em movimento”.
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