palestra com Joanna Zylinska (Goldsmiths, Universidade de Londres)
quarta-feira, 31/05, 14h30
Hoje, na era dos drones, das imagens de satélite, da composição multicâmera, do escaneamento 3D e da fotogrametria, a captura de imagens está cada vez mais desligada da agência e da visão humana. Essa prática abre diferentes formas de temporalidade e espacialidade: imagens agora podem literalmente alcançar o fim do nosso mundo. O conceito de “fotografia não humana” busca expandir a ideia antropocêntrica de fotografia de modo a abarcar formas de produção de imagem das quais o ser humano está ausente: desde exemplos de alta tecnologia como câmeras de controle de tráfego, fotografia espacial e o Google Earth, até os processos de impressão de duração profunda, tais como a fossilização. Pretendo argumentar que mesmo as imagens que são produzidas pelo humano – sejam artistas ou amadores – envolvem um elemento não-humano, mecânico. Em outras palavras, elas implicam a execução de algoritmos técnicos e culturais que dão forma tanto aos nossos aparelhos de produção de imagem quanto às nossas práticas de visualização. Ao mesmo tempo, a produção de imagens se encontra cada vez mais mobilizada para a documentação da precariedade do habitat humano. Por meio da publicidade, de pôsteres de campanha e do Instagram, vemos como ela nos auxilia a imaginar uma vida e um mundo melhores. Na junção de agência e visão humanas e não humanas, a fotografia se torna uma forma de controlar e dar forma à vida. Meu objetivo nessa fala é analisar essa presente conjuntura ontológica e política. Também pretendo delinear uma nova filosofia para a produção de imagens, ancorada nas sensibilidades da chamada “virada não humana”. A fala contará com a apresentação de diversos projetos de minha própria prática artística.
Joanna Zylinska é escritora, professora, artista e curadora. Ela é professora titular de Novos Meios e Comunicação de Goldsmiths, Universidade de Londres. Possui seis livros publicados, incluindo Nonhuman Photography (MIT Press, 2017, no prelo), Minimal Ethics for the Anthropocene (Open Humanities Press, 2014, disponível on-line) e Life after New Media: Mediation as a Vital Process (com Sarah Kember; MIT Press, 2012). Ela também traduziu o tratado filosófico de Stanislaw Lem, Summa Technologiae (Minnesota UP, 2013). Em 2013 foi diretora artística de Transitio_MX05 “Biomediations”, o festival bienal de novos meios que acontece na Cidade do México. Sua própria prática artística envolve experimentações com diversos tipos de mídia fotográfica. Atualmente, ela explora “o fim do homem”, em todos os seus aspectos tragicômicos.