2017 – GT05 – Curadoria AV multimodal: instalação, software, visual music

Vitória: 25/11, 13h30, Cemuni V, UFES

Adrenalina: a imagem em movimento no século XXI (Fernando Velázquez (Red Bull Station))

O presente artigo discorre sobre algumas das questões apontadas na exposição”Adrenalina: a imagem em movimento no século XX|”, por sobre tudo, em relação a imagem em movimento de matriz algorítmica e generativa, ou seja, criações que se utilizam de sistemas ou regras que permitem o aparecimento de soluções imprevistas em obras que exploram os recursos narrativos e de linguagem do chamado tempo real, estratégia alternativa à edição convencional de natureza aristotélica.

Interessa particularmente no conjunto de obras apresentadas, a forma de perceber e representar a realidade, as coisas e as pessoas, revelando estruturas e qualidades visíveis e invisíveis a partir de perspectivas que nos solicitam condicionamentos cognitivos específicos, além da abertura ao diálogo com imaginários pouco conhecidos.

No percurso também refletiremos sobre a relação das obras apresentadas com a história da pintura do s. XX, sobre a utilização disruptiva de dispositivos técnicos e sobre os critérios curatoriais de viés conceitual, espacial e narrativo.

“Adrenalina” incluiu obras de Chris Coleman (EUA), Donato Sansone (Itália), Henrique Roscoe (Brasil), Hugo Arcier (França), Lucas Bambozzi (Brasil), Luiz Duva (Brasil), Matheus Leston (Brasil), Mike Pelletier (Canadá/Holanda), Rick Silva (Brasil/EUA), Ricardo Carioba (Brasil), Richard Garet (Uruguay/EUA), Ryoichi Kurokawa (Japão), Santiago Ortiz (Colômbia), Semiconductor (Reino Unido), Susi Sie (Alemanha), Transforma (Alemanha/Inglaterra) e aconteceu de 14 de março a 04 de Maio no Red Bull Station, equipamento cultural localizado no centro de São Paulo.

Fernando Velázquez é artista transdisciplinar. Na sua pesquisa explora a relação entre Natureza e Cultura colocando em diálogo ou contraponto a capacidade perceptiva do corpo humano e a mediação da realidade por dispositivos técnicos. Mestre em Moda, Arte e Cultura pelo Senac-SP, pós graduado em Video e Tecnologias On e Off-line pelo Mecad de Barcelona, participa de exposições no Brasil e no exterior com destaque para a Emoção Art.ficial Bienal de Arte e Tecnologia (Brasil, 2012), Bienal do Mercosul (Brasil, 2009), Mapping Festival (Suiça, 2011), WRO Biennale (Polônia 2011) e o Pocket Film Festival no Centro Pompidou (Paris, 2007). Recebeu, entre outros, o Premio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (Brasil, 2009), Mídias Locativas Arte.Mov (Brasil, 2008) e o Vida Artificial (Espanha, 2008). Vive e trabalha em São Paulo.

 

A política da primeira arte computacional: Frieder Nake, Gustav Metzger e a Computer Art Society  (University of the Arts London))

Ecoando aquilo que Paul Brown uma vez chamou de “o beijo da morte” (Brown, 1996), o campo artístico conhecido primeiro como arte computacional, depois eletrônica, digital, e finalmente em novos meios foi historicamente caracterizado pelos críticos como ingênuo, sem alma, utópico e tecnocrático. Ainda que generalizem um conjunto de práticas muito heterogêneas, em constante desenvolvimento, esses rótulos, quando confrontados com a gênese do campo e sua eventual institucionalização, demandam nossa atenção. Ao se desenvolver na periferia da arte contemporânea, a insularidade do que podemos chamar de mundo da Arte, Ciência e Tecnologia (AST) é o resultado de um conflito interno histórico: entre os pioneiros críticos das tendências apolíticas e comerciais da AST e aqueles que se engajaram com o debate apresentado n'”As Duas Culturas” (Snow, 2012 [1963]). De modo a demonstrar as consequências dessa disputa interna, elegemos uma peça fundamental da pré-história da AST: o controverso “There should be no computer art” de Frieder Nake (1971), publicado no newsletter PAGE, da Computer Art Society, que na época era editado pelo artista e ativista antibélico Gustav Metzger. Ao acompanhar a controvérsia que se desenrolou a partir do texto e de suas réplicas, o quadro que fazemos não é de um grupo coeso mas, sim de uma turba disputando o futuro de seu campo. A controvérsia de Nake, ainda que coberta pela bibliografia contemporânea, não foi completamente compreendida como o que realmente representou: sinal da franca disputa entre dois grupos que estavam respondendo aos desenvolvimentos (contra-) culturais da longa década de 1960.

German Alfonso Nunez is a PhD candidate at the University of the Arts, London. By way of sociological theory concerned with collective action common to social movements, his research focus at the historiographical and institutional development of that which we may call the Art, Science and Technology world (AST). Holding an MA in Digital Art from Camberwell College of Arts and completing a PhD at the University of the Arts London (TrAIN Research Centre), he is currently a committee member of the Computers and Art History group (CHArt). German Alfonso is a current contributor to Studio International and is editing a handbook alongside Arno Görgen and Prof. Heiner Fangerau entitled “Popular Culture and Biomedicine: Knowledge in the Life Sciences as Cultural Artifacts” (forthcoming 2016). Alongside his academic career, he is also a member of the computational artist trio known as [+zero], nominated for the Brazilian PIPA prize awards in 2012.

 

Da Harmonia Digital à Cromofonia: Contribuições Conceituais para o Campo da Música Visual (Sergio Basbaum (PUC-SP))

Dentre um conjunto complexo de parâmetros e critérios relevantes para seu exercício, o trabalho de crítica e curadoria deve sustentar-se sobre referências estéticas e conceituais relevantes para a compreensão, ou para a proposição de possibilidades interpretativas, com relação às práticas artísticas. Essa proposta aborda o trabalho de dois artistas que desenvolveram trabalhos e pesquisa no domínio do som e da cor, partindo de campos e formações distintas para propor idéias teóricas singulares e diferenciadas para o terreno da música visual. O primeiro é o cineasta experimental — e pioneiro do vídeo digital –, John Whitney, Sr., que propôs uma teoria pessoal de Harmonia Digital entre som e luz, baseada numa concepção pioneira de “complementaridade”; o segundo é o compositor brasileiro Jorge Antunes, que desenvolveu também uma teoria original sobre a relação entre os sons e as cores, sustentada em achados de pesquisa bastante originais e trabalho pioneiro de composição. Em suas aberturas e seus limites, ambos contribuem para a formação de um repertório básico de conceitos e proposições estéticas que, de diferentes modos, contribuem para a reflexão, interpretação e compreensão das práticas contemporâneas de música visual

Sérgio Basbaum é multiartista e pesquisador. Músico, bacharel em Cinema (ECA-USP), mestre e doutor em Comunicação e Semiótica (PUC-SP), com pós-doutorado em filosofia (UNESP). Professor do programa de pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD) da PUC-SP, é autor de Sinestesia, Arte e Tecnologia (Annablume-FAPESP), além de diversos artigos publicados no Brasil e no exterior. Possúi dois álbums de composições originais no terreno música instrumental e da canção popular, e diversos trabalhos realizados como artista, empregando diferentes suportes e mídias. Atualmente, paralelamente às investigações teóricas dedica-se a pesquisas de improvisação audiovisual envolvendo recursos análógicos e digitais, em trio com o video-artista Rodrigo Gontijo e o sintesista Dino Vicente.