Conferência com Chris Salter (Universidade de Concórdia)
Vitória: 25/11, 18h, Cine Metrópolis, UFES
São Paulo: 27/11, 10h30, Auditório A, CTR/ECA, USP
A palavra “performance” foi por muito tempo empregada no contexto da antropologia como uma metodologia viável para a exploração do que Dwight Conqergood chamou de “a natureza fabricada, inventada e construída da realidade humana”. Nesse sentido, a antropologia performativa buscou enfocar o “fazer” da antropologia, particularmente na captura da experiência por meio de pesquisa etnográfica. Ainda que historicamente a antropologia performativa tenha enfatizado o jogo, o processo e a participação no registro de etnografias, recentes desenvolvimentos das tecnologias digitais e da chamada antropologia dos sentidos (HOWES, 1991) ampliaram o escopo dessa performance para incluir novas formas de sensação que o público poderia vir a experimentar diretamente, para além da imersão visual. Essa palestra aborda pesquisas recentes sobre o papel que outros sentidos que não a visão podem desempenhar nas histórias do passado, presente e futuro da performance. Reunindo trabalhos de antropologia sensorial, teoria da performance e novas mídias, buscarei examinar tanto os antecedentes históricos para essa nova “virada performativa sensorial” quanto meus próprios projetos interdisciplinares de pesquisa-criação realizados em colaboração com antropólogos, engenheiros e artistas. Esses trabalhos buscam alterar, contrariar ou retrabalhar hábitos socioculturais de percepção. Ao mesmo tempo, tais novos “ambientes sensoriais performativos” dão prosseguimento a uma longa série de investigações sobre a relação entre experiência sensorial e as novas tecnologias, nas quais as fronteiras tradicionais entre as sensações corporais e o ambiente são progressivamente borradas e reimaginadas.
Chris Salter é artista e pesquisador da cadeira New Media, Technology and the Senses na Universidade de Concórdia, Montreal. Co-diretor da rede Hegram para pesquisa de criação em Arte-media, design, tecnologia e cultura digital em Montreal. Estudou filosofia e economia na Universidade de Emory (Atlanta, Geórgia) e concluiu seu doutoramento em Direção e Crítica Dramatúrgica e sons gerados por computador na Universidade Stanford (Califórnia), onde pesquisou e estudou no Center of Computer Research in Music and Acoustics. Colaborou com Peter Sellars, William Forsytge e o ballet de Frankfurt. Seu trabalho artístico foi exibido em eventos de investigação em arte e tecnologia reconhecidos internacionalmente como a Bienal de Arquitetura em Veneza, Vitra Design Museum, (Berlim), BIAN 2014 (Montreal), LABoral, Lille 3000, CTM (Berlim), National Art Museum of China, Ars Electronica, Villette Numerique, Todays Art, Mois Multi, Transmediale (Berlim), EXIT Festival (Maison des Arts, Creteil-Paris), entre outros. Autor de Entangled: Technology and the Transformation of Performance (MIT Press, 2010) e Alien Agency: Experimental Encounters with Art in the Making (MIT Press, 2015), além de uma série de artigos em publicações científicas.